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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

 Denúncias de exploração infantil na ilha de Marajó repercutem nas redes e famosos iniciam campanha; entenda caso.

Voltou a repercutir nas redes sociais denúncias sobre suposta exploração sexual infantil na Ilha de Marajó, localizada no Pará, após a cantora paraense Aymeê abordar o assunto em sua música “Evangelho de fariseus”, apresentada no dia 15 de fevereiro durante a semifinal do programa “Dom reality”.


O programa é uma competição musical entre artistas do universo gospel, com transmissão no YouTube. A letra da música de Aymeê faz menção direta à Ilha de Marajó e um dos versos diz: “Enquanto isso, no Marajó / O João desapareceu / Uma criança morreu / Esperando os ceifeiros da grande seara / A Amazônia queima / Uma criança morre / Os animais se vão / Superaquecidos pelo ego dos irmãos”.

Após cantar a música, Aymeê explicou aos jurados que “Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora com turistas (a jovem se interrompe)… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5”.

A cantora ainda criticou a suposta insensibilidade da população brasileira sobre os casos de exploração infantil que estariam acontecendo na ilha. “Jesus me fala que às vezes nós, cristãos, terceirizamos muito para o governo o que é de responsabilidade nossa, como cristãos”, finalizou.

Repercussão

O relato de Aymeê repercutiu nas redes sociais e diversos artistas impulsionaram campanhas sobre o caso. A ex-BBB, apresentadora e atriz Rafa Kalimann afirmou que o vídeo da apresentação “reacendeu” um tema “tão delicado e urgente”. “É nosso dever, enquanto pessoas públicas, tornar esse caso ainda mais conhecido pelas pessoas. É nosso dever como cidadãos apontar o dedo e dar voz a uma causa tão absurda que pessoas em condições precárias estão passando”, completou.

A ex-BBB Juliette também se manifestou por meio do Instagram: “Clamamos aos políticos, autoridades e órgãos públicos ações e respostas. Aymeê, sua voz ecoou. Nós estamos juntos. Justiça por Marajó”.

O ex-BBB Eliezer também compartilhou o vídeo de Aymeê e disse: “Estou chorando, estou triste. Não estou conseguindo dormir. Meu Deus do céu”, lamentou ele. Em seguida, o influenciador digital de 34 anos acrescentou: “Eu não tinha conhecimento nenhum sobre o que acontece na ilha. Estou lendo tudo o que posso agora. E estou perplexo (…). Está acontecendo por anos debaixo do nosso nariz e ninguém faz nada para ajudar aquelas crianças”.

Denúncia sem provas

Essa não é a primeira vez que denúncias sobre suposta exploração infantil na Ilha de Marajó são feitas. Em 2020, durante um culto em Goiânia (GO), a então ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, chegou a afirmar que procurava soluções para relatos de mutilação e tráfico de crianças para exploração sexual na região.


Na ocasião, Damares ressaltou que crianças estavam sendo traficadas e tinham seus dentes “arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, e disse que possuía imagens que compravavam a denúncia.


Após a repercussão das falas da então ministra, o MPF (Ministério Público Federal) no Pará pediu para que Damares fornecesse informações detalhadas sobre o caso. Ela afirmou, porém, que as denúncias feitas no culto eram embasadas em relatos que ouviu “nas ruas” e que não conseguiria apresentar qualquer prova.


Com base nisso, o MPF concluiu que Damares teria propagado fake news e, com isso, causado danos sociais e morais coletivos à população da Ilha de Marajó. Então o órgão solicitou uma retratação pública e uma indenização de R$ 5 milhões.

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