Lula presta depoimento a Moro e se contradiz
Durante o depoimento, Lula declarou repetidas vezes que era a ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em fevereiro deste ano) quem tinha interesse no triplex à beira-mar.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento ao juiz federal Sérgio Moro nesta quarta-feira (10). Durante o interrogatório, Lula minimizou a todo o momento sua relação com o triplex 164-A, no Edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, alvo de investigação da Operação Lava Jato. Em outros instantes, diante de questionamentos incisivos de Moro e do Ministério Público Federal, Lula declarou que outros deveriam ser procurados para responder às perguntas.
Durante o depoimento, Lula declarou repetidas vezes que era a ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em fevereiro deste ano) quem tinha interesse no triplex à beira-mar. Segundo ele, sua mulher ‘certamente queria o apartamento para fazer investimento’.
Em outro momento, Lula disse que perdeu o interesse no imóvel por dois motivos. “Eu quando fui lá perdi o interesse no apartamento pela situação do apartamento e depois eu vi que era humanamente impossível um ex-presidente da República conseguir ir naquela praia fora de numa segunda-feira, de numa quarta-feira de cinza ou qualquer coisa.”
Nesta ação, o ex-presidente é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas a vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex e do armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.
O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Em abril de 2005, Marisa Letícia assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu ‘uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico’, atual Solaris, da unidade 141. Em 2009, a cooperativa repassou o empreendimento à OAS. Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a empreiteira assumir o imóvel.
Lula afirmou que não tinha conhecimento sobre a quitação da cota e nem sobre quanto tempo duraram os pagamentos feitos.
Durante o depoimento, ele foi confrontado pelo Ministério Público Federal com documentos anexados à denúncia. O procurador Roberson Pozzobon questionou Lula sobre uma planilha apreendida na sede da Bancoop em março de 2016 durante a Operação Aletheia – ação que levou o ex-presidente coercitivamente para depor.
O documento, datado de 9 de dezembro de 2008, apontava, segundo a Procuradoria da República, a relação de todas as unidades do Solaris. O único imóvel que tinha a expressão ‘vaga reservada’ era o 174. Durante as investigações da Lava Jato, a Polícia Federal identificou uma rasura em uma proposta de adesão assinada por Marisa. No documento, segundo a PF, havia o número 174 embaixo do número 141, rasurado.
O procurador perguntou a Lula se o apartamento 174 estava reservado à família Lula.
“Eu digo para o sr. não. Se tem alguém que pode responder é a Bancoop”, respondeu o ex-presidente.
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