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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Temer comandou reunião sobre propina de US$40 mi da Odebrecht, diz delator

O presidente Michel Temer comandou uma reunião com a Odebrecht na qual foi acertado pagamento de propina de 40 milhões de dólares ao PMDB em 2010, quando era candidato a vice-presidente da República, afirmou um dos delatores da empreiteira em depoimento no âmbito da operação Lava Jato.
Segundo o delator Márcio Faria da Silva, o encontro aconteceu no escritório político de Temer em São Paulo, e o valor se referia a 5% de um contrato da Odebrecht com a Petrobras.
“Totalmente vantagem indevida, porque era um percentual em cima de um contrato”, disse Faria no depoimento, quando perguntado se havia ficado claro na reunião que o repasse era relativo a pagamento de propina.
Além de Temer, também participaram da reunião os ex-deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de acordo com o depoimento do delator, que foi divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira após a retirada do sigilo sobre as delações da Odebrecht.
Segundo o delator, a reunião com a presença de Temer foi convocada como uma forma de “confirmação” para um acerto que já havia sido feito anteriormente por um intermediário do PMDB junto à Petrobras. O acordo dizia respeito a um contrato de 825 milhões de dólares para a manutenção de ativos da Petrobras em nove países, que foi vencido pela Odebrecht por meio de fraude no processo licitatório.
“Um dia recebi um e-mail convocando para uma reunião com a cúpula do PMDB em São Paulo… Um contrato dessa magnitude, o que passou na minha cabeça é que o pessoal queria uma confirmação”, disse o delator, acrescentando que no encontro com a presença de Temer não se falou em valores, mas houve confirmação do acerto feito anteriormente.
“O Eduardo Cunha tomou a palavra, explicou que estávamos no processo de contratação de um contrato da Petrobras, com o compromisso de que se fosse assinado iria haver uma contribuição muito importante para o partido… Não se falou em valores, mas eu confirmei que honraria os compromissos”, afirmou.
Depois da assinatura do contrato, a propina foi paga em espécie no Brasil e em contas no exterior, segundo Faria, e o PMDB concordou durante as negociações em reduzir seu percentual para 4 por cento, permitindo que o PT ficasse com 1 por cento, acrescentou.
Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República informou que Temer jamais tratou de valores com Márcio Faria e que nunca houve encontro entre eles com a presença do ex-deputado Henrique Eduardo Alves. Reconheceu, no entanto, uma reunião em 2010 na qual Faria foi acompanhado de Eduardo Cunha.
Fonte: Reuters Brasil

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