A história do bebê imigrante que morreu afogado no Canal da Mancha
Policiais noruegueses revelam que corpo encontrado na costa do país é de bebê refugiado morto após naufrágio no Canal da Mancha
A polícia da Noruega informou que o corpo de um bebê encontrado na costa do país no início deste ano se trata de um menino refugiado de 15 meses que estava desaparecido. Ele morreu afogado no Canal da Mancha.
A criança, chamada Artin, morreu junto com quatro membros da família quando o barco em que eles viajavam afundou, em outubro do ano passado.
A família curda-iraniana estava tentando chegar ao Reino Unido a partir da França.
À BBC, parentes falaram de sua tristeza e confusão enquanto esperavam para ouvir o que aconteceu com Artin.
Na segunda-feira (7), a polícia norueguesa disse que o corpo foi encontrado por dois policiais durante o Réveillon na costa sudoeste do país, perto da comuna de Karmoy.
"Não registramos o desaparecimento de nenhum bebê na Noruega e nenhuma família entrou em contato com a polícia", disse Camilla Tjelle Waage, chefe das investigações policiais.
"O macacão azul (encontrado com o corpo) também não era de uma marca norueguesa, o que indicava que o bebê não era da Noruega", acrescentou ela.
Um exame de DNA comprovou que o corpo era de fato Artin.
"Profissionais qualificados no departamento de ciências forenses do Hospital Universitário de Oslo conseguiram recuperar perfis de DNA correspondentes", afirmou a polícia, em comunidade.
O barco que transportava a família afundou no Canal da Mancha em 27 de outubro.
Rasoul Iran-Nejad, de 35 anos, Shiva Mohammad Panahi, 35, Anita, 9, e Armin, 6, também morreram.
A família era da cidade de Sardasht, no oeste do Irã, perto da fronteira com o Iraque.
Quinze outros imigrantes foram levados ao hospital e uma investigação sobre o naufrágio foi aberta em Dunquerque pelo promotor público francês.
Nihayat, a segunda tia de Artin, foi o primeiro parente com quem a polícia norueguesa falou. "Estou feliz e triste", disse ela à BBC na segunda-feira. "Feliz que os restos mortais de Artin foram finalmente encontrados e triste que ele nos deixou para sempre."
Shavin, a tia da criança que mora na Suíça, disse que gostaria que Artin "se reunisse ao resto de sua família". Ela afirmou que a família iria preencher a papelada necessária para que os restos mortais de Artin pudessem ser devolvidos a Sardasht.
Pouco depois do naufrágio, a BBC viu uma série de mensagens de texto enviadas por Mohammad Panahi, incluindo uma que reconhecia o perigo de cruzar o Canal de barco, mas ele concluía que a família "não tinha escolha".
"Se quisermos ir de caminhão, podemos precisar de mais dinheiro, e não temos", dizia uma segunda mensagem.
Em outra mensagem, ele disse: "Tenho mil tristezas em meu coração e agora que deixei o Irã, gostaria de esquecer meu passado."
Em um campo em Dunquerque, outro refugiado, Bilal Gaf, disse que a família de Artin ficou perto de sua tenda por três ou quatro dias antes de partir, e descreveu o menino como "famoso" entre os que ficaram no local.
"Ele era um bebê muito feliz", diz Gaf, mostrando fotos dele com a criança, tiradas cerca de 10 dias antes da partida da família.
"As pessoas estão tristes, mas o que podemos fazer? Nada. Apenas chorar", diz.
Todos os anos, milhares de refugiados curdos-iranianos colocam as vidas de suas famílias nas mãos de contrabandistas, com o objetivo de chegar à Europa.
A comunidade curda no Irã tem enfrentado perseguição política e vasta disparidade econômica.
Entre 25 e 35 milhões de curdos habitam uma região montanhosa que faz fronteira com a Turquia, Iraque, Síria, Irã e Armênia.
Eles constituem o quarto maior grupo étnico do Oriente Médio, mas nunca obtiveram um Estado-nação permanente.
Fonte:G1
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