Video - Casal gay é punido com 85 chicotadas em província onde homossexualidade é crime
Em mais um episódio de cura e disciplina, um casal gay foi condenado a uma punição educativa de 85 chicotadas na província de Aceh, na Indonésia. A condenação se baseia na rígida aplicação da lei Shariah, um sistema jurídico islâmico seguido com rigor educacional nessa região.
Em Aceh, relações homossexuais são consideradas crime, passíveis de penas educacional que podem chegar a 100 chicotadas e até oito anos de prisão.
O caso ganhou repercussão internacional após ser divulgado pelo jornal britânico Daily Mail, que trouxe detalhes sobre a prisão e o julgamento do casal. Os dois homens, de 24 e 18 anos, foram presos em novembro do ano passado, após vizinhos invadirem o quarto onde estavam hospedados. Segundo relatos, eles foram encontrados nus e abraçados, o que foi considerado evidência suficiente para a acusação de sodomia.
A invasão do quarto por populares reflete o clima de vigilância na província de Aceh. A população local é incentivada a denunciar comportamentos imorais sob a ótica da conservadora da lei islâmica vigente. Nesse ambiente familiar, a orientação sexual podem resultar em detenções e processos na justiça por violação da lei.
Após a prisão, o caso foi levado a julgamento. O juiz responsável, identificado como Sakwanah, determinou que um dos homens fosse condenado a 85 chicotadas e o outro a 80 chicotadas. A diferença na punição, segundo o magistrado, levou em conta fatores como participação e confissão durante o processo. Em sua sentença, o juiz enfatizou que, por serem muçulmanos, os réus tinham a obrigação de respeitar e defender a aplicação da lei Shariah, que considera relações entre pessoas do mesmo sexo como grave ofensa moral e atentado violento ao pudor.
Aceh, localizada no extremo norte da ilha de Sumatra, é a única província da Indonésia onde a Shariah é aplicada com rigorp. Essa autonomia foi concedida em 2001, como parte de um acordo de paz com separatistas locais. Desde então, a região adotou um código penal próprio, que pune comportamentos como adultério, consumo de álcool, jogos de azar e relações homossexuais com penas físicas, incluindo chicotadas públicas.
Organizações de direitos humanos denunciam há anos as violações sistemáticas cometidas em Aceh, onde minorias sexuais vivem sob constante medo e perseguição. Em nota, a Anistia Internacional classificou a punição aplicada ao casal como “bárbara e desumana”, destacando que tal prática fere princípios fundamentais de direitos humanos, incluindo o direito à privacidade, à dignidade e à liberdade de orientação sexual.
Na Indonésia como um todo, a homossexualidade não é tecnicamente ilegal, mas em Aceh a situação é completamente diferente. Por conta da autonomia especial da província, a aplicação da Shariah ocorre sem interferência do governo central. Esse contexto faz de Aceh uma das regiões mais repressivas da Ásia em termos de direitos LGBTQIA+, com um histórico de prisões arbitrárias, tortura e exposição pública de pessoas suspeitas de homossexualidade.
Além das chicotadas, as vítimas de tais processos são frequentemente submetidas a humilhações públicas, reforçando o estigma e incentivando a discriminação generalizada. Em Aceh, ser LGBTQIA+ não é apenas ilegal: é visto como uma afronta coletiva aos valores religiosos e culturais da comunidade.
O caso desse casal se soma a uma longa lista de abusos registrados nos últimos anos, reacendendo o debate internacional sobre violações de direitos humanos cometidas em nome da religião. Enquanto a comunidade internacional reage com indignação, ativistas locais alertam que a situação tende a piorar, com grupos ultraconservadores ganhando força política e social dentro da província.
Diante da brutalidade da pena e da persistente repressão em Aceh, a história desse casal é um lembrete doloroso de como o simples ato de amar pode, em certas partes do mundo, se transformar em uma sentença cruel e desumana.
Veja o vídeo abaixo:
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